domingo, 12 de agosto de 2012

Bewitched


O projeto da série A Feiticeira teve seu inicio logo após o terceiro casamento de Elizabeth Montgomery, em 1963, com Willian Asher, por quem se apaixonou durante a filmagens de Johnny Cool, num filme dirigido por ele. Desde a algum tempo Elizabeth vinha expressando seu desejo de se aposentar como atriz, ter filhos e levar uma vida familiar normal. Asher então sugeriu que eles poderiam trabalhar juntos em uma nova série para a televisão, e assim passaram a idealizar esse projeto.


Pouco tempo depois, estava pronto um projeto em que mostrava o dia-a-dia de um frentista de um posto de gasolina, casado com mulher da alta sociedade. Os conflitos gerados por essa união seriam o tema da série. Asher apresentou essa proposta para William Dozier, da Columbia Television, que não se entusiasmou com a proposta, pois um projeto semelhante havia sido apresentada em 1961, por outro produtor, Harry Ackerman, em que mostrava os conflitos de um publicitário casado com uma bela feiticeira.
Sol Saks na década de 60

Willian Asher gostou dessa proposta de Ackerman e juntos resolveram levar adiante o projeto. Coube ao escritor de comédias, Sol Saks criar e escrever o episódio piloto da série. Para escrever e montar os personagens de A Feiticeira, Sol Saks inspirou-se no clássico de 1942, "I Married a Witch" (Eu casei com uma bruxa), estrelado por Fredric March e Veronica Lake e num filme de 1958 chamado "Bell, Book, and Candle" com James Stewart e Kim Novak. Ambos os filmes contavam histórias de típicos homens americanos que ficam apaixonados por bruxas jovens, que tinham escolhido viver no reino mortal. "I Married a Witch" foi baseado no livro de Thorne Smith, The Passionate Witch, enquanto que "Bell, Book, and Candle" era baseado numa música de John Druten.
Sol Saks - foto de 1999

Saks comentou as semelhanças entre os dois filmes com A Feiticeira no filme E! True Hollywood Story. Contou também não estar preocupado utilizar essas duas semelhanças, pois ambos os filmes pertenciam a Columbia Pictures e a Screen Gems era uma divisão da Columbia para a televisão, pois isso ela não iria colocar empecilhos em utilizar esses temas. Sol Saks declara em seu livro, The Craft of Comedy, de que a idéia de utilizar bruxas vivendo com mortais, já era bastante usada na mitologia grega, em contos de fadas, em romances e também no cinema. A única originalidade de A Feiticeira, foi a de ser o primeiro a adaptar este conceito para a televisão. 
CD remasterizada de dois Lps da Columbia de 1962 e 1963

Para interpretar Samanta, Saks tinha inicialmente escolhido Tammy Grimes, que ele havia visto em um filme e imediatamente gostado, mas a atriz estava ocupado com um musical. Saks estava até disposto a esperar pela atriz, mas os executivos da Screen Gem, não. Por outro lado, Saks também, até o momento, não havia solucionado certos problemas da sua personagem principal, que era de encontrar a maneira correta de Samantha manifestar sua magia. No filme Bell, Book and Candle, por exemplo, a bruxa interpretada por Kim Novak, tinha um gato para realizar sua magia.

Conta-se que a solução desse problema veio de uma reunião onde estavam presentes Saks, William Asher e Elizabeth Montgomery, quando o inesperado aconteceu. Elizabeth sugeriu vários gestos e numa delas, contraiu seu nariz (ou melhor, mexeu a boca), o que fez com Saks "sacasse" que aquele era o que ele procurava e imediatamente incorporou o gesto ao personagem de Samantha, o que também fez com que ela se tornasse uma séria candidata ao papel principal.

Após escolha de Elizabeth como atriz principal, os produtores procuraram um ator para fazer par com ela. Inicialmente foi cogitado o nome de Richard Crenna, que no momento estava ocupado em outro trabalho e depois Dick Sargent que também não pode aceitar o papel por estar indisponível naquele momento. Após uma série de testes Dick York acabou ganhando o papel.

A maior dificuldade foi em encontrar uma atriz para interpretar Endora, mãe de Samantha, pois a maioria das pessoas cogitadas não encaixava em seu perfil. Conta-se que Elizabeth Montgomery encontrou casualmente dentro de uma loja nos Estados Unidos, uma antiga colega. As duas conversaram sobre o projeto, ela fez o convite e Agnes aceitou.

No final de 1963, após a escolha do elenco, iniciaram-se as gravações do episódio piloto da série, graças ao apoio de patrocinadores como a Quaker e a Chevrolet que gostaram do projeto em uma de suas visitas ao estúdio. A primeira apresentação da série ocorreu em 17 de setembro de 1964, pela Rede ABC de televisão nos Estados Unidos, alcançando em pouco tempo muito sucesso, chegando rapidamente a segundo colocação de audiência. A primeira e segunda temporada da série foram produzidas em branco e preto. Somente da terceira temporada em diante ela passou a ser filmada em cores.

Embora Sol Saks tenha escrito uma quantidade enorme de textos que contribuíram para A Feiticeira, o seu nome apareceu somente nos créditos de único episódio, mas ele entregou sabiamente seus personagens nas mãos de grandes escritores como Barbara Avedon, Ed Jurist, Bernard Slade, Michael Morris e Richard Baer, entre outros. Cada um contribuiu enormemente na criação de belíssimos textos e de novos personagens no desenrolar dos 254 episódios da série. Saks foi sem dúvida, um dos grandes responsáveis pelo sucesso da série.

Durante as filmagens do programa piloto da série A Feiticeira, em dezembro de 1963, Elizabeth anunciou que estava grávida de seu primeiro filho que nasceu no dia 24 de julho de 1964. As filmagens da série iniciaram-se em setembro daquele mesmo ano e se tornou um grande sucesso que durou oito anos. Mais duas gravidezes ocorreram durante as filmagens, uma em 5 de outubro de 1965 e a outra em 17 de junho de 1969. Estes mesmos nascimentos coincidiram com os nascimentos na televisão de Tabatha e Adam Stephens, respectivamente.

Alguns bebês foram utilizados no espetáculo para representar Tabatha: Cynthia Black, as irmãs Heidi e Laura Gentry, em seguida Tamar e Julie Young. Quando Tabatha ficou um pouquinho maior passaram a utilizar as gêmeas Erin e Diane Murphy. 
Nota - o personagem interpretado por Dick York e Sargent (Darrin Stephens), foi adaptado no Brasil para James Stephens, porque o exibidor achava que Darrin soava muito estranho aos brasileiros.

Tudo corria maravilhosamente bem até o final da segunda temporada quando começaram a surgir os problemas. No inicio da terceira temporada, em 03 de março de 1966, Alice Pearce, a atriz que interpretava a vizinha bisbilhoteira Gladys Kravitz, faleceu. Ela já estava com câncer no pulmão quando começou a participar da série, mas apesar dos tratamentos ela foi piorando com o decorrer do tempo.

Participou de 28 episódios, estando presente entre os capítulos 2 ao 74. Sua última aparição na série aconteceu no episódio Prodigy, apresentado pela primeira vez em 09 de junho de 1966 pela televisão norte-americana. Pelo seu trabalho em A Feiticeira, recebeu um Emmy, póstumo, no mesmo ano de seu falecimento. Sua personagem foi substituída pela atriz Sandra Gould que a interpretou até o final da série. Todas as substituições que ocorreram na série não tiveram nenhuma explicação.

Irene Vernon, a atriz que interpretava a esposa do patrão de James, Larry Tate, resolveu sair do seriado, por estar insatisfeita com seu papel. Depois da série, não conseguindo um bom papel para desempenhar, resolveu abandonar a carreira e passou a trabalhar no ramo imobiliário, onde segundo consta deu-se muito bem. Em seu lugar foi colocada a atriz a Kasey Rogers que continuou a interpretar a personagem até o encerramento da série.

Não obstante a isso, na quarta temporada, no dia 05 de setembro de 1968, morre a atriz Marion Lorne que interpretava a atrapalhada tia Clara de Samantha. Desta vez os produtores acharam por bem não substituir a atriz, mas sim criar uma outra personagem parecida e assim nasceu Esmeralda interpretada pela atriz Alice Ghostley.

Porém o maior problema ainda estava por vir. Em 1969, no fim da quinta temporada, o ator Dick York, que interpretava James Stephens, mal conseguia acompanhar as gravações, devido as fortes dores que sentia, ocasionada por uma lesão na coluna, por causa de um acidente na época de sua participação no filme "They Came to Cordura", em 1959. Desde então tomava muitos comprimidos para suportar as dores, até que um dia, teve de ser levado às pressas para o hospital e nunca mais pode retornar a série.

Embora Asher preferisse terminar a série sem York, a rede lhes ofereceu uma transação que eles não puderam resistir e então assinaram para mais quatro temporadas e o espetáculo continuou com Dick Sargent que substituiu York. Em 1972, a séria que já vinha apresentando índices muito baixos foi definitivamente encerrada, um ano mais cedo que o planejado.

No Brasil, a série foi apresentada pela primeira vez em 1965, pela extinta TV Paulista, Canal 5, atual Rede Globo de Televisão, com versão em português feita pela AIC/SP. Em 1968, foi apresentada pela TV Excelsior, Canal 9 de São Paulo. Mais tarde foi apresentada pela TV Record, Canal 7 de São Paulo e por outras emissoras em sucessivas reprises. Com o advento da televisão a cabo a série também foi reprisada em 1996, pela Warner Channel.

A série A Feiticeira tem início quando uma moça tipicamente americana chamada Samantha, sem querer, choca-se, sem querer, com um distinto rapaz, James Stephens, na entrada giratória de um centro comercial. Mais tarde, dentro do centro comercial, voltam a chocar-se novamente e então eles decidem ser de bom tom sentarem e conversarem antes que aconteça um outro acidente. Eles tornam-se bom amigos e descobrem que tem muitos interesses em comum. Apaixonam-se e resolvem se casar. Porém, o que ele não sabe é que Samantha é uma feiticeira, bem como toda sua família.

Ao saber que Samantha se casou com um humano mortal e normal, praticamente todos os membros da família dela passam a hostilizar James, principalmente Endora, a mãe, que inconformada faz de tudo para separar o casal e atormentar o genro. Samantha resolve abrir o jogo para o marido e conta sobre seus poderes.
Ele fica espantado e arrasado. Mas pouco tempo depois resolve aceitá-la, desde que ela se torne uma esposa normal igual às outras e não use seus poderes. Samantha é claro, por amor a James, aceita e passa a viver como uma pessoa normal, ou quase normal, ou seja, vira e mexe acaba usando seus poderes para livrar-se de problemas, o que irrita profundamente James.

James é publicitário e trabalha na Mcmann & Tate para o falastrão e puxa-saco dos clientes Larry Tate, que faz qualquer coisa para conseguir ou manter uma boa conta publicitária. Larry é casado com Louise, uma mulher tranqüila e que aparentemente vivem bem. Constantemente ele acaba mandando James embora da empresa quando as coisas não saem a contendo, mas sempre acaba readmitindo novamente.

Tempos depois, James resolve comprar uma casa e se mudam para lá, onde arrumam como vizinhos a bisbilhoteira e fofoqueira Gladys Kravitz, casada com Abner, um tranqüilo aposentado. Ela se torna uma incansável perseguidora de Samantha e quase sempre flagra ela diante de suas mágicas.














Sai correndo para contar ao marido, mas quando ele volta para conferir o que ela havia lhe dito, tudo já está dentro da normalidade e Abner acha que sua mulher está começando a ficar meio maluca, e não dá muita importância ao o que ela diz ou faça.

Outra presença marcante na vida do casal é a Tia Clara, tia de Samantha. Ela éuma velha bruxa simpática, é provavelmente a única parente de Samantha que realmente gosta de James e cujos poderes estão confusos pela idade, vive a fazer mágicas que dão resultados desastrosos e na maioria das vezes esquece de como se desfazer do feitiço, criando situações bastante constrangedoras e engraçadas.

Após o casamento, os pais de James costumam aparecem para fazer uma visita e ver como andam as coisas. Acabam presenciando circunstâncias e fatos estranhos, devido às mágicas de Samantha. Apesar acharem esquisito acaba se convencendo com as explicações do filho e da nora. Eles não sabem, é claro, que Samantha e sua família são bruxos. A visita dos pais a casa de James vão ocorrendo ao decorrer de alguns capítulos, esporadicamente.

Outra visita quase que constante é a do pai de Samantha, Maurice, separado de Endora. Maurcice é um homem bastante refinado e adorava fazer citações teatrais. Apesar de não gostar de James, é mais condescendente em relação a ele, por causa de seu amor por Samantha.

Anos mais tarde surge a primeira filha em A Feiticeira, Tabatha, uma menininha muito linda e espertinha que despertam em todos um carinho excepcional por ela. Tabatha herda os talentos de bruxa da mãe e também é incentivada, principalmente pelos parentes de Samantha, o que deixa James raivoso e desnorteado.

Pouco tempo depois nasce Adam, o segundo filho do casal, que também (talvez?) possua os poderes de feitiçaria, coisa que nunca foi explicado devidamente, é um personagem muito pouco explorado pela série e também participava muito pouco nos capítulos que aparecia.

Com o passar dos capítulos novos personagem vão surgindo, principalmente parentes de Samantha, que acabam colocando o casal em situações embaraçosas ou até ajudando em alguns casos. Tio Arthur (Paul Lynde) é um personagem que aparece de vez em quando, possui um humor bastante sarcástico, não tem grandes afinidades com Endora e tampouco morre de ódio por James, apesar de usar ele para seu divertimento.


Outro personagem que surge em alguns capítulos é o médico especialista dos bruxos, Doutor Bombay, interpretado pelo ator Bernard Fox, quando solicitado. Na verdade não se sabe se ele é medico ou um charlatão. Costuma aparecer sempre vestindo com roupas estranhas.

Na segunda temporada surge à própria Elizabeth Montgomery interpretando uma prima de Samantha chamada Serena. Para diferenciar uma da outra Elizabeth passou a utilizar uma peruca com cabelos pretos ou usar roupas multi-coloridas. O negócio da Serena é divertir-se, principalmente causando contratempos e confusão ao casal, geralmente estes planos são planejados em conluio com Endora. Mas no fim tudo acaba bem, pois Serena queria mesmo é somente se divertir.

Sempre houve a intenção de trazer novamente a série A Feiticeira dentro de um novo projeto, mas sempre houve a recusa da Elizabeth Montgomery por achar que a personagem já havia sido muito explorada. Com o passar dos anos os atores, atrizes e diretores, produtores foram ficando cada vez mais indisponíveis, por um motivo ou outro e o sonho da realização de uma nova produção foi ficando cada vez mais longe. Somente em 2005 ocorreu a estréia do filme Bewitched (A Feiticeira), agora estrelada por Nicole Kidman, tentando repetir o mesmo sucesso da série televisiva.

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